Contos e Poesias

 

(ESSE CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS)

RUBI PULSANTE

                                   LADY GÓTHICA

 Está quente....

 Ouvi as batidas insistentes...Devo abrir a porta?

Alguém entrou, sem aguardar permissão.

 Tirou as mãos visguentas ,escorrendo um líquido energético, que me causou apetite e ao mesmo tempo repulsa! Fico deturpada em meio a tanto escarlate à minha volta.

 Estou sedenta...necessito de água fresca!

 O aroma da carne às vezes me deixa enjoada; em outras, me embriaga.

 As batidas pulsantes me excitam! Agora percebo porque os vampiros vivem eternamente! Se deleitam na lascívia da energia vital humana,orgia hematófila!

 Me perco olhando profundamente, a lapidação do rubi que carrego nas mãos.

 Bela joia!- disse o intruso.

O quanto a deseja? Pode amá-la a altura do teor de sua pureza e beleza?- respondo sem pestanejar.

   -...

 Não respondeu! Sem respostas,eu poderia supor que não era digno de admirar a minha relíquia! Eu a escondi guardando no peito.

   Tirei as mãos do seio.

   Elas também estavam molhadas.

   Molhadas com a paixão derramada, em lágrimas de sangue.

   Seu calor aqueceu-me as costas, fervilhando no meu corpo o mais intenso êxtase.

   Porque demora tanto para concluir seus intuitos? Autorizaste minha cremação em vida?

   Ah,você não é mortal! Quem dera fosse um reles, para que eu pudesse dominá-lo!

   Nas paredes pegajosas vejo o líquido escorrer.

   Já não consigo sustentar-me em pé, tudo balança ao meu redor...talvez por causa desse ritmo acelerado constante e pulsante!

  O latejo faz-me ser jogada de lado para o outro.

   Tudo está monocromático! O rubro é aconchegante e me desperta excitação, entretanto sua ignota sombra obscura me atrai!

   Ouço seus urros, de êxtase.

   Será que daqui alguns instantes;esta sensação lacrimosa de deleite, ainda perdurará?

   Seu veneno ficou aprisionado em mim...mas,não me causa mal algum!

  Agora estou completa! Com o meu órgão vital preenchido pelo o espírito peçonhento que abriga em sua alma mundana! Ao contrário dela; o meu rubi, é como uma alma, preciosa e espiritualmente transcendental!

  Surpreende-se por ter sido enfeitiçado pelo sacro rubi latejante!

   Silencioso o venera!

   Guarda secretamente as lágrimas contidas, pela cobiça em possuí-lo.

   Sinto sua dor, na ânsia de extraí-lo para si.

   Ela o enlouquece devagar! O engula de uma vez, sem maltratá-lo!

   Mas continuará sendo meu; e sendo assim, você também será!

   Estou aprisionada, esvaecida neste coração fervente como o inferno!

   Devo dividir o meu tesouro com alguém?

   Pode-se dizer,que uma bruxa se emociona com certas coisas?

   Como seriam as estórias sem houvesse o bem e o mal?

   E qual é o mal? Minha joia verdadeira e espiritual ,ou a tua máscara materialista?

   De qualquer foma, seja qual for a resposta; elas se completam no universo!

   O rubi completo pulsa mais intenso! Está Incandescente! Com um poder cósmico devastador!

   Você sorri.

   Ouço as batidas, como explosões de uma bomba atômica.

   Se tem valor material, já não lhe interessa.

   Vejo-o brincar, lambendo o mel coagulado de lapidações sangrentas.

   Me esmero, criteriosamente em ser preciosa!

   Quanto valeria uma alma aprisionada?

   Infinito, diria!

   No infinito ,enfim unidos; formaremos um tesouro,de uma preciosidade sem igual!

 

 

 

 

  (ESSE CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS)

OS DEMÔNIOS DE ARKESHUS

                         

                                 LADY GOTHICA  

                                                                                                                                                                       

   Era tarde em Arkeshus.

    Alua cheia se posicionava alto no céu.

   Novamente Eleanor perdera o sono.

   Estava sentada em uma poltrona com brocados aveludados cor de sangue,tomando uma xícara de café.

   Revirou o fundo borrado em movimentos circulares.

   Na borra negra como seu passado nefasto,surgiram imagens.

   Imagens obscuras,imagens sangrentas,que se confundiam.

   Estaria tendo alucinações?

   Levantou-se e lavou o rosto.

   Ao secá-lo,observou no espelho que aparentava sinais visíveis de cansaço.

   As profundas olheiras,pálpebras caíam pesadas.

   Qual o motivo para aquele sofrimento voluntário?

   O fato é,que estava só! Só com seu egoísmo,só com sua ira,com sua ganância! E ninguém poderia ajudá-la ou curá-la daquela terrível insônia!Ficaria acordada até que a luz do dia despertasse a rotina das prostitutas que se recolheriam nos casebres,as mulheres loquazes que passariam comentando sobre a vida alheia,e os trabalhadores apressados para mais um dia se labuta.

   Ficariam os meninos sujos despenteados e barrigudinhos jogando bola na rua e os maltrapilhos famintos encontrados em algum canto,à espera de alguém que compadece deles e lhes desse um bocado de comida!Passariam o dia pelas ruelas,nas esquinas de uma vida miserável,destinada a eles!

   Encharcou seguidamente a face talvez com a esperança que água lhe trouxesse a cura milagrosa ou pudesse suavizar a expressão.

   Nem a maciez da toalha que outrora lhe causava tanto prazer em tocar em sua pele,abrandou a frieza mortal que se apossava do seu corpo.

   Não havia motivos! Estava solitária,e daí? Há tão pouco tempo a solidão lhe traria algum prazer! Prazer em não estar acompanhada de pessoas fúteis e nem ser seguida pelas mesquinhas!

   Estava amanhecendo quando o telefone tocou seguidas vezes.

   Deixaria tocar o dia todo se necessário!

 Seu corpo estava pesado,difícil de carregar!Será que a alma já não mais o desejava?Ou será que talvez,ela tivera a abandonado ali,naquele mundo,e estava vivendo sem ela?

   De repente,o sono sobreveio na mente e no corpo fragilizado,abraçando-a,cativando-a e envolvendo.

   Minutos após...a abandonou!

   Sentiu o desejo de quebrar tudo a sua volta! Mas,nem irritada conseguira ficar,não tinha forças o suficiente para isto!

   Arrastou-se para o banheiro.

   Soltou o corpo,deixando-o cair ao chão do box.

   Talvez assim,sua alma estivesse liberta!

   Palavras sem sentido,foram murmuradas por ela.

   Estendeu a mão,num esforço descomunal para abrir a torneira,e os milhões de gotas de água que jorraram por uma eternidade,no seu corpo caído que se abraçara sobre a lajota fria.

   Em seu abraço,outros braços cobriram os seus; levantando-a! Não podiam ver,no entanto sentiu a presença de mais de um ali.

   Eles a envolveram girando,girando...seu corpo.

   Estava segura,protegida e aliviada!

   Eleanor apoiou-se com as mãos na parede.

   Os abraços foram a comprimindo;e com sofreguidão,eles invadiram seu corpo,numa conjunção carnal pervertida,nefasta e profana!

   Buscou com sua visão,alcançar aqueles que afagavam arquejando em suas costas. 

   Esforçou-se para abrir os olhos que ardiam.

   Sentia ter a impressão de seus longos cílios pesarem uma tonelada!

   -Nos veja como quiser!

   A autorização deles,liberou seus olhos para ver o momento de lascívia que desfrutava intensamente.

   Elas os viu como belos e fortes homens.

   Os demônios,penetravam em seus olhos devorando com o fogo de uma paixão avassaladora!

   Se debatia com forças nas paredes!Teria alguém ouvido os urros,gritos e gemidos?

   Agora, ao fim de tudo,suas forças se esvaíram! Entretanto não de dor,cansaço...nem pela ira constante impregnada em sua alma; mas de um prazer grandioso e satisfatório!Desfaleceu...

   Acordou em meio as pessoas que habitualmente percorriam aquelas ruas.

   Ela tocava em cada face,admirando-os,todavia não percebiam sua presença.

   Estava ali todos os dias;contudo nunca se sentira tão feliz em vê-los,como naquele inusitado dia!

   O dia do maior prazer que vivenciara!O dia de sua morte!

 

 

OS SEGREDOS DA MORTE

                                       LADY GÓTHICA

 (ESSE CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS) 

 

   O vampiro Danzig Andrews ajeitou o laço do belo lenço de seda envolto em seu pescoço dolorido.

   Mas que belo caixão lhe arranjaram! Com entalhes na madeira nobre, símbolos sem sentido para leigos.

   Símbolos sagrados e mágicos para as criaturas infernais!

   Olhou para o céu encoberto pela neblina.

   Tudo estava tão sossegado!

   Até que ele escutou uma voz...

   Ficou curioso! Seria mais comida? Quem

 ousara penetrar sorrateiramente no lugar de descanso dos que já se foram, sem ser notado por eles; e ainda continuar vivo para perturbá-lo?

   Inspirou impaciente! Nos dias atuais, alimento era o que não lhe faltava! Mas,estava cansado de se alimentar de jovens criaturas ingênuas,implorando pelas suas vidas fúteis!

Ou de velhas criaturas medíocres, com suas vidas repugnantes!

   Queria mais! Queria uma emoção avassaladora, maior que do além morte!

   A voz se embaralhava em meio aos túmulos e mausoléus, nos corredores escuros.

   -Eu tenho algo que você quer...-sussurrou ele, sem muito entusiamo.

   Induzia-a a pensar: O poder da imortalidade? Da juventude e beleza eterna?

   Nenhuma resposta.

   -Não é isso que quer!- respondeu a si próprio, o devorador dos tecidos epiteliais,e

 sugador do fluído vital humano.

   -O desejo imortal e avassalador, pervertido, imoral e sobre-humano...é isso que procura!- afirmou o vampiro.

   Vampiros como ele, dominavam o poder de ler mentes e os induzir a satisfazer os seus desejos.

   A sombra parou de caminhar, posicionando-se de forma a ser reconhecida;ao lado de uma sepultura, iluminada por uma faixa de luz refletida pela lua.

   Hummm...Era um desses humanos cultuadores dos mortos, praticantes de magia.

...Um tanto perigoso!

   A armadilha estava armada! Finalmente uma aventura emocionante, após séculos maçantes de mordidas frívolas! Matara a fome, sim...mas não a saciara!

   -O que faria desejar estar com um velho como você?- indagou a mulher vestida de

 negro.

   A revelação perturbou-o profundamente!Extático, reparou na sombra que se expunha da escuridão.

   Se não bela aos humanos, não sabia! Porém para ele,ela dona de uma sensualidade imensa, na sua aparência e traços bastante incomuns!Olhos felinos...nariz,que demonstravam ser alguém de personalidade forte, marcante! Uma enorme boca,resguardando um sorriso, que jamais seria expressado!

   -Não sou velho,- retrucou, -me tornei um vampiro aos vinte anos!

   -Mas sua alma,é velha! E fede á bolor! Te esconjuro, demônio.

   Que ousadia! Quem ela pensava que era?

   Ele não permitiu mais,palavra alguma!Contudo receou sua reação, pois ela poderia bani-lo com suas palavras mágicas!

   Na Idade Média, durante a sua existência

 ouvi-se muito falar deles; dos bruxos.

   Eram temidos até mesmo pelos demônios!Eles possuíam o poder de conjurá-los e esconjurá-los, faziam pactos,e os baniam.

   Eram mesmo,ameaçadores! Por isso, foram praticamente extintos por todos! Até mesmo os próprios demônios, se disfarçaram de humanos para serem seus inquisidores.

  A inescrupulosa criatura vampírica, em poucos segundos, foi surpreendido pela exorbitante magia da sacerdotisa necromântica.

   -És bela,senhora!

   -Ora, criatura das trevas; com que interesse pensa em cativar-me? Teme aos meus encantos?

   -Não é isso!- desconversou.

   Ela havia conseguido desconcertar o próprio príncipe das trevas!

   -O que quer?

   -Sabe que não pode me vencer, não é?

   Farei seu jogo,- pensou ele;-e depois será mais emocionante seduzi-la e derrotá-la!

   -Sugiro um pacto...

  Em frações de segundos,ele posicionara-se atrás dela; apertando seus braços.

   Sua boca ofegava,à altura da jugular.

   -Aceito!- disse ele.

   -Juntos, seremos um!E se ao me morder,serei uma sacerdotisa eterna!

   -Então é isso?Você quer ser mais que eu...

   -Eu não quero!Eu serei!

   -Bem sabes,que posso devorá-la agora, se eu quiser...E não terá tempo de conjurar feitiço algum!

   Não fará!

   -Ora, porque não?

   -Porque quer algo mais, que morder uma reles mortal!

   -Bem sabes que és mais que isto!

   -Bem sabes que serei muito maior!

   O vampiro sussurrava, seduzindo; e sendo

 seduzido por ela.

   -Então deixe o tempo dizer quem vencerá ,e o que vamos ser!- concluiu o sugador de hemácias.

   Cravou lentamente suas presas, perfurando a pele delicada do belo pescoço.

   Ela gemeu alto.

   .Doía muito! Mas o prazer era mais intenso!

E ainda maior, a sensação de onipotência; que obtivera!

   Ele ainda poderia tê-la, destruí-la; entretanto não teria tamanho poder para tal!

   Agora estava completa! Agora determinara a eternidade sem limites, para sua magia!

 

 

 

 

CAVALEIRO SOMBRIO

                                                   LADY GÓTHICA

 (ESSE CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS)

   Houve um clarão em meio a floresta.

   Uma luz dourada provinda de um escudo medieval, revidava um brilho intenso.

   O vento soprou seus filhos, os silfos para dançar nas ondas do ar.

 O presságio de uma forte tempestade veio, após a demonstração da imponência do arrogante irmão Sol.

   Cobria a todos, estendendo-se pela mata, rios e cachoeiras.

   Pássaros batiam as asas, numa correria em busca de seus ninhos.

   O escudo permaneceu ali,intacto.

   Quem ousaria tocá-lo, ao ver tão exorbitante magia?

   Vi as ninfas, correndo e escondendo-se curiosas, atrás das frondosas mangueiras.

   Os silfos traziam consigo o perfume delas.

   .Toda a região exalava o aroma das flores.

   Pobres ninfas! Tão magrinhas, caminhando na ponta dos pés, com seus cabelos alvos e ouriçados.

   Onde estavam as outras bruxas, senhoras da magia e donas da natureza? Estava eu, só ali?

   A luz cegou meus olhos! Foi imprescindível conjurar um feitiço;era ela ou eu!

 Nela transpareceu o que havia dentro, um cavaleiro em busca de seu escudo.

   Desejei ver sua face, não foi possível! Ele irradiava de sua aura límpida, a luz do Sol!

   Os gnomos, atrapalhados se agruparam amontoando-se na relva fresca, para ver o espetáculo único de uma magia incomensuravelmente grandiosa!

  Passei a mão no chapéu, segurando nas abas a indumentária que se erguia pontiaguda em direção ao Olimpo.

   Os silfos nada levariam de mim!

   Ele veio...veio sem nada falar! Fiquei intrigada, e perturbada!

   Mas seu olhar sereno, calou-me.

   Levantei as mãos, empunhando com destreza meu instrumento de magia.

   Tocou em meus braços, forçando a encará-lo novamente.

 Eu estava em suas mãos...

   O brilho do escudo caído ao chão, desviou sua atenção.

   Odiei ver as ninfas zombando, por ter sido dominada e deixada ao léu.

   Então...lancei um feitiço sobre ele; o cavaleiro desconhecido, cuja luz se assemelhava aos raios do Sol!

   O belo caiu ao chão!

   Sobre seu corpo lancei o peso do meu,

prendendo-o com as coxas descobertas.

   A renda do longo vestido havia ficado presa na couraça.

   Ouvi novamente os risinhos das ninfas.

   Ah, teria que espantá-las...

   O animal que há em mim assumiu sua forma, transfigurando-se de imediato.

   Arreganhei os dentes predadores.

   Todos correram, ele sorriu.

   O cavaleiro mostrou sua imagem real, vestido de negro.

   Todavia o elmo fechado ocultava-lhe a face.

   Em lugar da espada, cingida na bainha; nas mãos protegidas com o manifer; exibia um mangual, uma bela arma em forma de bastão, cuja ponta presa por uma corrente; era uma pelota de espetos.

   Queria atingir-me?

   Criatura ignorante e brutal? Não sabe que domino o dom de todas as armas?

   Minha espada de magia...meu punhal de

 sacrifícios...os chifres de faquir da sabedoria suprema? Aqueles chifres que retirei dos antílopes negros; para os armeiros sagrados confeccionarem a mais excepcional adaga mágica!

   Veio a mim, com seu brilho que ofuscava meus olhos.

   Queria vê-lo, no entanto virei o rosto para o lado, preferindo evitá-lo.

   Não esperava uma atitude de decepção!

   Apagou-se.

   Mas, sua luz sombria, ainda estava lá; alimentando seus intuitos.

   Segurava uma lebre abatida em uma das mãos.

   Covarde! Pensei.

   O cavaleiro Sombrio, desprezou a lebre, no solo.

   Tirou de uma algibeira, algo valioso para ele; pois tocava com delicadeza.

...Deu-me uma rosa negra.

   Quem ficaria satisfeito, em receber uma flor sombria? De imediato, imaginariam luto!

   Todavia agradeci!

   E a luz retornou! Demonstrava que o mal, vêm da maneira que vemos as coisas!

   Sua luz, já não me causava nenhum dano!

   A lebre morta, saltou desaparecendo na floresta.

   Singelo, afagou meus cabelos perfumados.

   Tocou-me com seus lábios.

   Também era magia...também era um momento mágico...era também...um bruxo!

 

 

 

LEGIÃO

                                   LADY GÓTHICA 

 (ESSE CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS)

   Ele voltou!

   O anjo demoníaco, esconjurador de sua própria raça, vindo do Empírio ;estava determinado em urgir com sua árdua tarefa.

   Se parasse para observar a sua volta, veria que o tempo estava em um estado estacionário, nada se movia.

   Nem as folhas da arvores, as areias dos caminhos do deserto, nada!Tudo estava em um estado inerte, como se estivesse adormecido num tempo perdido.

   Os adversários estavam formados em uma

 legião de milhares de terríveis criaturas.

   Bailavam no ar, porém não doce e serenamente como as sílfides, mas numa dança demoníaca e sedutora! A dança da guerra, a dança do amor, das conquistas...

   Ele se pôs a frente da batalha.

   Um belo príncipe de encantos inigualáveis!

   Transformou as belas cachoeiras das ondinas num deserto, e fez as florestas secarem carcomidas pelo fogo ardente.

   Aonde viverão os gnomos?

   Entretanto, mesmo espalhando todo o seu terror, ainda continuava irresistível; trajado com seu sobretudo negro balançante e os longos cabelos negros delineando a face incrivelmente pálida.

   Olhos de morto,profundos e tristes...Seria de sofrimento e dor que sobrecarregava nos ombros? Todas vitórias,honras e glórias, conquistadas pelo custo de lágrimas ínfimas, para ele.

   Ao vê-lo, seu libido despertou.

   Estava em lados opostos, entretanto se atraíam como dois polos.

   Ele, era luz...

   A luz do mal!

   Ela, era trevas...

   Trevas piedosas! A tempestade de areia camuflou a sua chegada no deserto.

   Pronta a derrotá-lo! Disposta a enfrentar a sua maior fraqueza.

   O anjo mal ergueu as mãos, e todos os grãos de areia se uniram formando uma só montanha, deixando-a descoberta.

   Uma divindade contra um semi deus.

   Teria vantagem,com certeza!

   Eles o cercaram.

   Seis das mais sedutoras criaturas angelicais, que comandavam uma legião.

   Um deles manejava uma maça.

   Outro exibia sua destreza golpeando com um chicote nas mãos.

   Dois deles empunhavam uma lança mortal,ao lado de um com uma machadinha de combate.

   E o mais belo e forte de todos, expunha o sabre ao longo do corpo ,liderando-os.

   Depararam-se diante dela.

   O corpo esguio,as curvas generosas da sua aparência carnal.

   O vestido de tecido finíssimo arroxeado colado a pele, caindo abaixo dos quadris, como um longo rabo de sereia.

   A cauda se arrastava pela areia.

   Contornava, emoldurando os fartos seios, ajustando-se na finíssima cintura.

   Perséfone! A Perséfone de beleza inigualável, rainha do submundo! Só com sua beleza, sem armas nem aliados;seria ela, páreo para aqueles anjos?

   Ela sorriu estridente.

 As labaredas de fogo que emergiam do solo, a abraçaram.

   Intimidaram-se subitamente.

   Em seguida, o senhor de sabre, acenou para o início da batalha.

   Metraton fez o vento reaparecer em forma de um tornado, subindo com ele aos céus.

   Ela dividiu a Terra com um terremoto, expondo os túneis do inferno.

   Chuvas de estrelas multicoloridas caíram do céu, induzindo a alvorada em plena calada da noite.

   Metraton atingiu grande distância numa alunissagem.

   A legião de abomináveis aniquiladores, avançou.

   Rastejantes criaturas, escalaram os paredões escaldantes da geosfera.

   Eram salamandras aladas gigantescas e cadavéricas, que surgiam nas correntezas de rios de sangue.

   Três anjos caíram nas profundezas das fendas de Hades.

 O anjo guerreiro com a maça na mão, debatia-se tentando se desprender de três salamandras; que o imobilizaram.

   Perséfone girou,girou...

   -Ha,ha,ha...- riu ela.- Quem sois vós,agora; criaturas penosas?

   Metraton desceu à Terra.

   Elevando as mãos em sua direção bradou:

   -Renda-se rainha!

   -Devolvam-me o que me pertence!

   Lampejos estrondosos ecoaram deixando todos estáticos.

   Pensavam ter supremacia sobre ela! Estavam enganados!

   Não contavam com o poder incomensurável da rainha.

   Perséfone surgiu na retaguarda, abraçando o anjo sombrio.

 Sem querer, ele cedeu! Sem querer; em segundos; ele sucumbiu aos seus encantos,e se permitiu ser seduzido; abduzido por ela!

   Caiu nas profundezas do inferno, satisfeito, sem vacilar.

   A Guerra havia acabado!

   As forças que repeliam, estavam unidas agora!

   Era apenas o início, de uma união eterna!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NOVIDADES

SHOWS NO BRASIL- AGENDA  FEVEREIRO e MARÇO DE 2013

 

BRUCE KULICK

• 02/02 - São Paulo/SP
• 03/02 - Santos/SP Leia mais em:

STRYPER

• 17/02 - São Paulo/SP 

BESATT

08/02 - São Leopoldo/RS
• 09/02 - Jaraguá do Sul/SC

LACUNA COIL

 

• 10/02 - Curitiba/PR
• 12/02 - Hortolândia/SP
• 15/02 - Belo Horizonte/MG
• 16/02 - São Paulo/SP
• 17/02 - Rio de Janeiro/RJ a m

CRASHDIET

• 09/03 - São Paulo/SP
• 10/03 - Rio de Janeiro/RJ

SONATA ARTICA

• 10/03 - São Paulo/SP 

IAN ANDERSON

• 12/03 - Porto Alegre/RS
• 13/03 - São Paulo/SP
• 15/03 - Belo Horizonteem

ROTTING CHRIST

• 

• 10/03 - São Paulo/SP
• 15/03 - Santo André/SP
• 16/03 - Rio de Janeiro/RJ 

ANNEKE VAN GIERSBERGEN

• 16/03 - São Paulo/SP
• 17/03 - Rio de Janeiro/RJ Leia mais em:

TURISAS

• 16/03 - São Paulo/SP
• 17/03 - Porto Alegre/RS Leia mais em

EMMURE

• 17/03 - São Paulo/SP 

SAXON

• 26/03 - São Paulo/SP 

VISION DIVINE

31/03 - São Paulo/SP 

AZAGHAL

• 22/03 - Porto Alegre/RS
• 23/03 - Jaraguá do Sul/SC
• 24/03 - Curitiba/PR
• 29/03 - Belo Horizonte/MG
• 30/03 - São Paulo/SP
• 31/03 - Rio de Janeiro/RJ

ALESTORM

• 31/03 - São Paulo/SP 

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  (ESSR CONTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS)

O ESPINHO REPARADOR

                        LADY GÓTHICA

 

   Os dias se renovam...envelhecidos!

   Novos dias, velhas mentes cansadas; presas pela ignorância humana em suas cascas

 preconceituosas!

   Os dias se vão, e a noite vem.

   Vão; semelhante às pessoas que cumpriram seu destino! Sorrateiramente calados!

   A vida passa e em pouco tempo; ela é esquecida por todos!

   Os sorrisos de uma vida, se apagaram com o tempo!

   Seu coração ficou ali ;esperançoso por reconhecimento! Queria ser perpétuo!

   Sagrado coração! Frágil, sem razão!

   A vida escorreu por entre os dedos; mas o sentimento, era só seu! Não haveria de abandoná-lo, jamais!

   Alan, alisou devagar com a ponta do indicador os contornos dos sigilos rubros, na capa negra do livro envelhecido.

   Folhas amareladas, emolduradas por arabescos; reviravam-se em seus dedos.

   Desenhava com a pena mergulhada em sangue, palavras mágicas e proféticas.

   Catalogava ervas raras, capazes de curar as mais terríveis dores! Eram sete: a dor da alma, do arrependimento, da decepção, do desânimo, do desprezo, do desespero e da incredulidade!

   A dor da alma, daqueles que não teriam mais salvação!

   A dor do arrependimento, por ter ou não atitudes dignas, em momentos oportunos!

   A dor da decepção, por não sido bom o suficiente!

   Dor do desânimo, pela alma cansada de tantas idas e vindas.

   Desprezo, causa do não reconhecimento ou motivo por falta deste.

   Desespero, por não alcançar seus intuitos!

   E a pior delas: a incredulidade, daqueles que acreditam somente no que vêm!

   A mais miserável,e mesquinha das dores!Uma lástima, do espírito famélico de luz!

   Que seriam essas tão generosas e sacras ervas?

   O sábio continuava suas anotações, abaixado sobre o velho móvel.

   Mãos trêmulas e envelhecidas! Mãos que usava a pena, como se estivesse empunhando um instrumento mágico! A varinha mágica.

   Sob o capuz, as madeixas cor do luar; caíam sobre o livro.

   Alan, o Espinho Reparador!

   Vincos profundos, dominavam a face pálida.

   Rugas de um mago! Rugas de sensatez e erudição! Se outrora fosse de um homem, seriam marcas de ignorância, preconceito, ingratidão, injustiças,que se alinhavam ao longo de sua vida fútil e egoísta!

   Ainda ao fim dos tempos; almejava alcançar

 a cura humana,para a doença incurável do homem.

   O diabo seria o bode expiatório, para suas maldades!

  O mago branco, lhe curaria a alma!

   Estava entardecendo.

   O pôr-do-sol, fascinava a todas criaturas viventes!

   Ele levantou as pálpebras pesadas, cansadas pelo tempo.

   O cosmos o agraciara com uma visão sem igual! À distância de milhares de anos-luz ! Em outras eras, em outras dimensões!

   O livro permanecia aberto, aguardando ser

 escrito um novo destino!

   O velho cheirava a cravo e canela; almíscar, chocolate e café.

   Chamando-o assim, eu o elogiava! Velho sábio, velho símbolo de poder!

   Quem dera fossem os incrédulos, e os fúteis; como ele!

   Quem dera tivéssemos, o conhecimento infinto do universo!

   O cálice sagrado foi elevado ao ar.

   Nos finos lábios, o úmido brilho molhado escarlate.

   Ele contemplava o horizonte, vendo o além.

   Ouviu soar o sino.

   Maravilhada, senti um arrepio!

   Mestre,- chamei.

   Vi o capuz pontiagudo se elevar, para me encarar.

   Olhou-me demorada e profundamente; caminhando na estrada contínua do meu olhar.

   Você duvida de seu valor?- perguntou, com uma voz incomum.

   Parecia um anjo! Deveras pensei.

   Na..Não!- respondi, primeiro um tanto relutante.

   Depois, analisei minunciosamente minha mente e coração; afirmei com convicção!

   -Não, mestre!

   -Então não duvide, de ser quem é!

  -Sim...

   Ele abaixou novamente a cabeça.

   Entregou-me o cálice, e em seguida voltou a encarar-me.

   -Entrego a senhora sacerdotisa, o dom a mim concebido!

   Agradeci...Pela dádiva, por tanto reconhecimento, pela honra de sua presença!

   Afoguei-me, sedenta daquele precioso líquido.

   Depois, detive-me a admirar as inscrições contidas no recipiente sagrado.

   Brilhava intensamente! A mesma luz introduzida nos meus lábios; reluzindo dentro de mim.

   O espinho que injetava o discernimento e sabedoria; reparando os erros humanos,havia cultivado um botão;que agora desabrochara para o universo!